Mulheres devem fazer musculação?
Claro que sim!
Mas quais seriam os benefícios?
Segundo (Hostler et al., 2001 Apud Salvador et al., 2005) mulheres apresentam maior quantidade de fibras do tipo I (fibras de contração lenta, baixa produção de força e potência) do que homens, o que desfavorece o processo de hipertrofia muscular. A musculação pode provocar aumentos significativos na massa muscular principalmente nas fibras de tipo II, encontradas em baixa quantidade em mulheres. Tal modalidade de treinamento quando realizado em longo prazo (acima de 12 semanas) pode promover também aumentos significativos na taxa metabólica de repouso (LEMER et al., 2001). Sugere-se que tais fatores podem ser fundamentais para a redução da gordura corporal e manutenção do peso perdido, devido ao gasto calórico gerado por unidade de massa magra, fato não observado em atividades aeróbias de baixa intensidade (CAMPBELL et al., 1994; BRYNER et al., 1999; HUNTER et al., 2000; LEMMER et at., 2001).
Em relação ao quadro de varizes (doença relacionada a saúde cardiovascular), o treinamento resistido com pesos (musculação) tem se mostrado como atividade extremamente favorável no tratamento e na prevenção de varizes, pois tal atividade pode além possibilitar hipertrofia dos músculos gastrocnêmios, aumenta também a capacidade contrátil dos mesmos auxiliando no retorno venoso evitando déficit no sistema circulatório (GUEDES Jr., 2007a; COSSENZA, 1992).
E olhando para os fatores relacionados ao envelhecimento, mulheres após menopausa apresentam maior risco de desenvolvimento de osteoporose, tal doença está relacionada a diminuição da densidade mineral óssea, caracterizando em deterioração do tecido ósseo, aumento de sua fragilidade e consequentemente a suscetibilidade a fraturas até com mínimos esforços (PLAPER, 1997; NIEMAN, 1999; IOF, 2002). Com a imposição e aumento progressivo da carga na musculação, ocorrerão fenômenos bioquímicos que vão levar a um quadro de remodelação óssea, o que torna a pratica de exercícios com peso de fundamental importância para a manutenção da saúde óssea (SANTARÉM, 2003).
Tendo em vista que o treinamento resistido tem influência positiva sobre o emagrecimento, aumento e manutenção da massa muscular, aumento da força, melhora da capacidade funcional, combate a doenças coronarianas, diabetes e hipertensão, podemos também destacar a sua eficácia sobre o desempenho cognitivo, ou seja, melhora na capacidade de raciocino, percepção, memória, atenção, vigilância, raciocínio e solução de problemas (ANTUNES et al, 2006).
Embora a prática do treinamento resistido apresente inúmeros benefícios à saúde da mulher, é fundamental seja feita uma avaliação física detalhada antes de qualquer prescrição e que o programa de treinamento seja elaborado e controlado por um profissional de educação física regulamentado e devidamente capacitado.
REFERÊNCIAS
BRYNER, R. W. et al. (1999). Effects os resistence vs. aerobic training combined with an 800-calorie liquid diet on lean body mass and resting metabolic rate. J Am Coll Nutr 18, 115-121;
CAMPBELL, W. W.; CRIM, M. C.; YOUNG, V. R.; EVANS, W. J. (1994). Increase ernergy requirements and changes in body composition with resistence training in older adults. Am J Clin Nutr 60, 167-175;
NIEMAN, D.C. Exercício e Saúde: Como se prevenir de doenças usando o exercício como seu medicamento. Manole: São Paulo, 1999;
PLAPER, P.G. Osteoporosis and Exercise. Hosp Clin Fac Med S. Paulo; 52: 163-70, 1997;
GUEDES Jr., D. P. Comparação do efeito de dois protocolos de treinamento concorrente sobre as variáveis de aptidão física relacionadas a saúde. Força/endurance e endurance/força. 2007. Dissertação (Mestrado em Educação Física) – Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, 2007ª;
HUNTER, G. R.; WETZSTEIN, C. J.; FIELDS, D. A.; BRONW, A.; BAMMAN, M. M. (2000). Resistence training increases total energy expenditure and free-living physical activity in older adults. J Appli Physiol 89, 997-984;
INTERNATIONAL OSTEOPOROSIS FOUNDATION. What is Osteoporosis? 2002. Disponível em:<http://www.osteopound.org/osteoporosis/index.html>.
LEMMER, J. T. ET AL. (2001). Effect os sthength training on resting metabolic rate and physical activity: age and gender comparisons. Med Sci Sports Exerc 33, 532-541;
SALVADOR, E. P. et al. Comparação entre o desempenho motor de homens e mulheres em séries múltiplas de exercícios com pesos. Rev Bras Med Esporte, v.11, n.5, p 257-261, 2005.
SANTARÉM, J.M. Exercício Físico e Osteoporose. Atualização em Exercícios Resistidos: Exercícios com pesos e qualidade de vida. 2003. Disponível em: <http://www.saudetotal.com>
Por: Raphael Machado – Educador físico Fit 4 You Saúde e Performance