Emagrecer ou perder peso: qual a diferença? O que é melhor para você?

Muitos alunos, principalmente as “mulheres”, vivem preocupados com o “tal do peso corporal”. Então, para ajudá-los a equipe Fit 4 You vai explicar as diferenças entre os dois.

Emagrecimento é um processo complexo de longo prazo que inclui a diminuição da gordura corporal e o aumento da massa muscular magra. No que diz respeito à gordura corporal, muitos estudos reportam que seu aumento está diretamente ligado à obesidade e associado a diversos fatores de risco como diabetes, hipertensão, cardiopatias e outros (BLAIR ET AL., 1989; BLAIR & BRODNEY, 1999; SCHNEIDER ET AL., 2007).

Já o aumento da massa muscular (massa livre de gordura), está diretamente relacionado a fatores positivos de saúde, como aumento do metabolismo de repouso, aumento da capacidade funcional, aumento da densidade óssea, combate a doenças coronarianas, diabetes e hipertensão. Podemos também destacar a sua eficácia sobre o desempenho cognitivo (ANTUNES et al, 2006; LEMER et al., 2001; PAOLI et al., 2013; SANTARÉM, 2003). Temos aqui, então, fatores considerados primordiais para um emagrecimento saudável.

Já o peso corporal é constituído de aglomerados de ossos, músculos, gorduras e outros tecidos (McARDLE, et al. 1990). No aspecto bioquímico, é formado por: água, proteínas, minerais e lipídios (MALINA & BOUCHARD, 1991). Quanto ao aspecto anatômico, é formado de: massa muscular, massa gordurosa, massa óssea e massa residual (POLLOCK & WILMORE, 1993). Os componentes causadores de variações na determinação do peso corporal são: músculos, ossos e gorduras. As alterações que ocorrem nesses componentes são devidas aos fatores de crescimento e de envelhecimento, alimentação, exercício físico e as doenças (MALINA & BOUCHARD, 1991).

A fim de quantificar de maneira precisa tais componentes que constituem o nosso peso corporal total utilizamos a balança, seja ela digital ou analógica. Mas será que essa seria a melhor estratégia? Pensando no processo de emagrecimento de maneira saudável, a resposta é “não”, já que a balança não faz distinção entre a massa muscular, massa óssea e massa gorda.

Segundo Lohman (1981), um dos mais práticos caminhos para a avaliação da composição corporal de populações compostas por adultos entre 20 e 50 anos é o uso de dobras cutâneas, devido ao fato de 50 a 70% da gordura corporal estar localizada subcutaneamente e algumas dobras cutâneas mostrarem relação com a adiposidade corporal. Tal procedimento é de fácil aplicação e elevada precisão (margem de erro de 2,8 a 8,8%) (LOHMAN et al., 1988). A técnica de espessura do tecido adiposo subcutâneo parece ser a mais adequada para estudos da composição corporal em nosso meio, considerando menos custos com aparelhos utilizados, o fato de o método não ser evasivo, a rapidez na medida e a facilidade para interpretação dos resultados, bem como a grande correlação entre as medidas (PITANGA, 2005). O procedimento tem como instrumento para aferir medidas de espessura de gordura subcutânea o ADIPÔMETRO, instrumento em forma de pinça desenvolvido por volta de 1930 (McARDLE et al., 2003).

A fim de estabelecer a diferença entre perder peso e emagrecer, podemos citar um estudo de Bryner et al. (1999) que evidenciou esta diferença utilizando dois métodos tradicionais de treinamento, o aeróbio contínuo (caminhada de 1 hora, 4x por semana) e a musculação (3x por semana, 10 exercícios com 4 séries de 8-15 repetições cada) em indivíduos obesos submetidos a restrição calórica de 800 kcal. Ao final do estudo, ambos os grupos perderam peso corporal (aeróbios – 23,1kg vs. musculação -14,4kg), porém o grupo que realizou somente exercícios aeróbios teve perda acentuada da massa muscular em relação ao grupo musculação (4 quilos), e uma perda de cerca de 200 kcal no metabolismo de repouso. Já o grupo que realizou musculação, além de preservar a sua massa muscular, reduziu significativamente seu percentual de gordura (musculação de 46,2% para 37,6% vs. aeróbios 44,5% para 37,1%).

E aí quem emagreceu mais?

Então, a partir de agora, esperamos que tenha ficado clara a diferença entre emagrecer e perder peso!

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Em nosso próximo post você vai ficar sabendo tudo sobre o processo de perda de peso dos nossos alunos! Aguarde!

Por Raphael Machado com informações de:

Referências

ANTUNES, H. K. M., et al. Exercício físico e função cognitiva: uma revisão. Rev Bra de Med do Esporte, v. 12, n. 2, p. 108-114, 2006.

BLAIR S. N., ET AL. Physical fitness and all-cause mortality. A prospective study of healthy men and women. Jama 262, 2395-2401, 1989.

BLAIR SN & BRODNEY S. Effects of physical inactivity and obesity on morbidity and mortality: current evidence and research issues. Med Sci Sports Exerc 31, p 646-662, 1999.

BRYNER, R. W. ET AL. Effects of resistance vs. aerobic training combined with an 800 calorie liquid diet on lean body mass and resting metabolic rate. Journal of the American College of Nutrition, v. 18, n. 2, p. 115-121, 1999.

LEMMER, J. T. ET AL. Effect os sthength training on resting metabolic rate and physical activity: age and gender comparisons. Med Sci Sports Exerc 33, 532-541, 2001.

LOHMAN, T. G. Skinfolds and body density and their relation to body fatness: a review. Human Biology, p. 181-225, 1981.

LOHMAN, T. G. Anthropometric Standardization Reference Manual. Champaing. Human Kinectis Books, 1988.

MALINA, R.M. & BOUCHARD, C. Growth, Maturation and Physical Activity. Human Kinetics Books. Champaign, Illinois, 1991.

McARDLE, ET AL. Nutrição, controle de peso e exercício. 3 ed. Rio de Janeiro: Medsi, 1990.

McARDLE, W. D.; KATCH, F. I. & KATCH, V. L. Fisiologia do Exercício: energia, nutrição e desempenho humano. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.

PAOLI, A. ET AL. Effects of high-intensity circuit training, low-intensity circuit training and endurance training on blood pressure and lipoproteins in middle-aged overweight men. Lipids Health Dis, v. 12, p. 131, 2013.

PITANGA, F. J. G.; LESSA, I. Indicadores antropométricos de obesidade como instrumento de triagem para risco coronariano elevado em adultos na cidade de Salvador-Bahia. Arq Bras Cardiol, v. 85, n. 1, p. 26-31, 2005.

POLLOCK, M. & WILMORE J. H. Exercícios na saúde e na doença: avaliação e prescrição para prevenção e reabilitação. 2. ed. Rio de Janeiro: MEDSI,1993.

SANTARÉM, J.M. Exercício Físico e Osteoporose. Atualização em Exercícios Resistidos: Exercícios com pesos e qualidade de vida. 2003. Disponível em: http://www.saudetotal.com

SCHNEIDER, H. J. ET AL. Accuracy of anthropometric indicators of obesity to predict cardiovascular risk. J Clin Endocrinol Metab 92, 589-594,  2007.

 

 

 

 

 

2 pensou em “Emagrecer ou perder peso: qual a diferença? O que é melhor para você?

  1. òtima materia! Adoro ler coisas sobre saúde porque infelizmente já tive obesidade mas hoje posso dizer que é possível vencer mesmo sendo um desafio! Bjos!

    • Marta, seja sempre bem-vinda ao nosso blog! Aqui você vai encontrar várias dicas sobre saúde, alimentação, treinos e qualidade de vida. Quando quiser saber de algo em especial, nos sugira! Vamos fazer de tudo para você ficar ainda mais informada. Abraços, equipe Fit 4 You.

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