Por muitos anos, a musculação foi trabalhada apenas com a intensão de esculpir corpos maravilhosos aos olhos da mídia e da população de uma maneira geral.
Porém, nos últimos 10 anos, tal modalidade vem se apresentando como um santo “REMÉDIO” para o retardo e até mesmo a cura de vários problemas de saúde, tais como, diabetes, fatores de risco cardíaco, reabilitação funcional, diminuição de quadros de depressão, melhora na capacidade cognitiva, e outros…
Uma das respostas ao treinamento de força é o aumento da massa muscular, que tem extrema importância tanto para a performance atlética quanto para a capacidade funcional de pessoas que não são atletas. Sabe-se que com o avanço da idade o corpo começa a sofrer um processo de envelhecimento celular, isso diminui a capacidade das células em desempenhar as suas devidas funções, o que diminui o metabolismo acarretando em perda da capacidade funcional motora. Pessoas idosas (acima de 65 anos) são as mais afetadas por essa perda de capacidade funcional devido ao avanço da idade e a falta de estímulos que retardem este processo. As fibras mais perdidas são as que têm alta capacidade de produção de força (tipo IIA e IIX).
O treinamento de força de alta intensidade estimula o aumento do volume (hipertrofia) e número (hiperplasia) dessas fibras e isso faz com que os indivíduos fiquem cada vez mais resistentes aos esforços exigidos nas tarefas diárias (SIMÃO, 2003; ZATISIORSKY & KRAEMER, 2008).
Pensando nisso, muitos estudos vêm sendo realizados com os idosos, a fim de esclarecer se tal modalidade realmente tem impacto positivo sobre a vida desse público.
Um estudo bem interessante foi o de Srikanthan & Karlamangla (2014) que monitorou, por um período de 10 anos, 3.659 idosos e evidenciou que idosos que apresentavam maior quantidade de massa muscular viveram mais em relação aos que tinham menor quantidade.
A fim de confirmar tal fato, um estudo recente de Kraschnewski et al. (2016) investigou idosos ao longo de 3 anos (1997, 1998, e 1999). Durante o período do estudo, 9,6% dos adultos com 65 anos ou mais (nº de 30.162 idosos) relataram não seguir as orientações para a prática do treino de força e 31,6% morreram. Os idosos que relataram seguir as orientações para a prática do treinamento de força tiveram 46% menos chances de mortalidade (POR TODAS AS CAUSAS!) do que aqueles que não seguiram as recomendações. Os autores concluem que embora uma minoria dos adultos dos EUA siga as recomendações para o treinamento de força, o mesmo é significativamente associado com a DIMINUIÇÃO DA MORTALIDADE. Todas as causas de mortalidade podem ser significativamente reduzidas através da identificação e do compromisso de orientação e intervenções com o treinamento de força para adultos mais velhos.
Por Raphael Machado com as referências:
FLECK S; KRAEMER J.W. Fundamentos do treinamento de força muscular. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.
KRASCHNEWSKI, J. L., et al. Is strength training associated with mortality benefits? A 15 year cohort study of US older adults. Prev Med. 2016 Feb 24. pii: S0091-7435(16)30016-0.
SIMÃO R. Fundamentos fisiológicos para o treinamento de força e potência. São Paulo: Phorte, 2003.
SRIKANTHAN, P.; KARLAMANGLA, A. S. Muscle Mass Index As a Predictor of Longevity in Older Adults. The American Journal of Medicine (2014) 127, 547-53.
ZATISIORSKY M; KRAEMER J.W. Ciência e Prática do treinamento de Força. São Paulo: Phorte, 2008, 34p.